Ela olhou-o sem pudor e sem desviar os olhos negros dos seus olhos azuis. Harin, pois esse era o seu nome naquela vida, nadou para mais perto da amazona que se mantinha imovel...Os últimos raios do Sol moribundo emprestavam-lhe um brilho irradiante á pele bronzeada. Harin sorriu e deu alguns passos na direcção dela, erguendo-se da água que lhe escorria agora pelo peito largo...
O olhar de Mahar manteve-se fixo, hipnotizante, e ele sentiu-se quase trespassado até á alma...continuava igual, mas um ano tornara-a muito mais mulher.
“Então? Será que a água está assim tão gelada que além de inutilizar a vossa arma, também vos congelou a lingua?”
Mahar fez o seu cavalo bater com as patas dianteiras erguendo-se ligeiramente de forma intimidatória, para que ele não se aproximasse mais. O seu olhar mantinha-se intenso e Harin começou a duvidar sobre as verdadeiras intenções de Mahar.
“Mahar...claro que podeis usar as águas deste rio como tudo o que nessecitares durante a vossa estadia nas minhas terras. Muito me apraz que as compartilhes comigo agora...”
Harin já não sentia o frio da água, o coração batia descompassadamente embora ele mantivesse a sua postura de guerreiro e de chefe. Contudo o seu corpo denunciava o desejo que lhe corria nas veias, não passando despercebido a Mahar.
Mahar baixou finalmente a guarda e esboçou um sorriso
“Sabeis bem que não nos podemos permitir um deslize que seja...o meu povo é um alvo a extreminar para muitos e nos tempos que correm ainda mais. Mas o que não nos mata só nos torna mais fortes! O meu pai contou-me tudo Harin. Sei que o que nos trouxe até aqui não foi só o que parece...mas agora gostava mesmo de me lavar. Andamos em viagem continua há 3 meses, vai saber bem uma paragem.”
Mahar escorregou do cavalo com uma destreza natural. O animal, um cavalo robusto e alto, era quase da cor da noite. As crinas estavam entrançadas com fios coloridos de tons vermelhos que combinavam com a manta de riscas largas por baixo da sela de couro e pele de camelo. Até as patas, na zona acima dos cascos, se encontravam enfeitadas com uma espécie de braçadeira com guisos. Os Sarmatas tinham um grande orgulho nos seus cavalos, os quais eles consideravam como companheiros e não como meros animais. Criavam-los e treinavam-los como mais nenhum povo das estepes. Ter um cavalo dos Sarmatas era um, privilégio...através de cruzamentos que mantinham em segredo, tinham conseguido cavalos grandes, robustos mas também muito ágeis...e inteligentes.
Mesmo depois de mortos os cavalos eram uma fonte preciosa para os Sarmatas. Dos seus cascos faziam os guizos que tanto gostavam de usar, e utilizavam os tendões e ossos para fabricar os seus peitorais quase indestrutiveis. As botas que usavam continham placas ósseas que os protegiam do frio e também de golpes baixos, imprimindo outra força aos seus golpes de pernas...facilmente partiam o pescoço a um adversário com um pontapé. Essas botas davam um aspecto exterior de cascos, sendo altas até ao joelho onde eram arrematadas com crina de cavalo, fomentando a lenda dos centauros, metade homens, metade cavalos. Mahar vestia os confortáveis calções de montar apertados com um cinto largo, onde pendiam a adaga, o punhal e a espada; e uma túnica de lã sobre a qual usava um manto quente, desbotado do uso e da sujidade. Traçado pelas costas pendia o poderoso arco dos guerreiros Sarmatas e a sacola das setas que quando lançadas eram certeiras e mortais. Harin sabia que tanto homens como mulheres eram ensinados desde tenra idade a defender-se em batalha e a montar como se o cavalo fosse uma extensão dos seus próprios corpos. Era uma visão aterradora vê-los em combate.
Mahar sussurrou algo ao cavalo, que se afastou para pastar calmamente. Da aldeia chegavam-lhes o som de risos e de musica. Essa noite haveria uma grande fogueira em torno da qual muito vinho correria...uma nuvem atravessou o espirito de Herin ao recordar-se que os Sarmatas eram parentes dos Alanos que marchariam sobre Media...
Mas ao olhar Mahar, cuja roupa e armas jaziam agora sobre a vegetação, todas as nuvens se dissiparam do horizonte do seu olhar.
O olhar de Mahar manteve-se fixo, hipnotizante, e ele sentiu-se quase trespassado até á alma...continuava igual, mas um ano tornara-a muito mais mulher.
“Então? Será que a água está assim tão gelada que além de inutilizar a vossa arma, também vos congelou a lingua?”
Mahar fez o seu cavalo bater com as patas dianteiras erguendo-se ligeiramente de forma intimidatória, para que ele não se aproximasse mais. O seu olhar mantinha-se intenso e Harin começou a duvidar sobre as verdadeiras intenções de Mahar.
“Mahar...claro que podeis usar as águas deste rio como tudo o que nessecitares durante a vossa estadia nas minhas terras. Muito me apraz que as compartilhes comigo agora...”
Harin já não sentia o frio da água, o coração batia descompassadamente embora ele mantivesse a sua postura de guerreiro e de chefe. Contudo o seu corpo denunciava o desejo que lhe corria nas veias, não passando despercebido a Mahar.
Mahar baixou finalmente a guarda e esboçou um sorriso
“Sabeis bem que não nos podemos permitir um deslize que seja...o meu povo é um alvo a extreminar para muitos e nos tempos que correm ainda mais. Mas o que não nos mata só nos torna mais fortes! O meu pai contou-me tudo Harin. Sei que o que nos trouxe até aqui não foi só o que parece...mas agora gostava mesmo de me lavar. Andamos em viagem continua há 3 meses, vai saber bem uma paragem.”
Mahar escorregou do cavalo com uma destreza natural. O animal, um cavalo robusto e alto, era quase da cor da noite. As crinas estavam entrançadas com fios coloridos de tons vermelhos que combinavam com a manta de riscas largas por baixo da sela de couro e pele de camelo. Até as patas, na zona acima dos cascos, se encontravam enfeitadas com uma espécie de braçadeira com guisos. Os Sarmatas tinham um grande orgulho nos seus cavalos, os quais eles consideravam como companheiros e não como meros animais. Criavam-los e treinavam-los como mais nenhum povo das estepes. Ter um cavalo dos Sarmatas era um, privilégio...através de cruzamentos que mantinham em segredo, tinham conseguido cavalos grandes, robustos mas também muito ágeis...e inteligentes.
Mesmo depois de mortos os cavalos eram uma fonte preciosa para os Sarmatas. Dos seus cascos faziam os guizos que tanto gostavam de usar, e utilizavam os tendões e ossos para fabricar os seus peitorais quase indestrutiveis. As botas que usavam continham placas ósseas que os protegiam do frio e também de golpes baixos, imprimindo outra força aos seus golpes de pernas...facilmente partiam o pescoço a um adversário com um pontapé. Essas botas davam um aspecto exterior de cascos, sendo altas até ao joelho onde eram arrematadas com crina de cavalo, fomentando a lenda dos centauros, metade homens, metade cavalos. Mahar vestia os confortáveis calções de montar apertados com um cinto largo, onde pendiam a adaga, o punhal e a espada; e uma túnica de lã sobre a qual usava um manto quente, desbotado do uso e da sujidade. Traçado pelas costas pendia o poderoso arco dos guerreiros Sarmatas e a sacola das setas que quando lançadas eram certeiras e mortais. Harin sabia que tanto homens como mulheres eram ensinados desde tenra idade a defender-se em batalha e a montar como se o cavalo fosse uma extensão dos seus próprios corpos. Era uma visão aterradora vê-los em combate.
Mahar sussurrou algo ao cavalo, que se afastou para pastar calmamente. Da aldeia chegavam-lhes o som de risos e de musica. Essa noite haveria uma grande fogueira em torno da qual muito vinho correria...uma nuvem atravessou o espirito de Herin ao recordar-se que os Sarmatas eram parentes dos Alanos que marchariam sobre Media...
Mas ao olhar Mahar, cuja roupa e armas jaziam agora sobre a vegetação, todas as nuvens se dissiparam do horizonte do seu olhar.
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