“Não podemos banhar-nos duas vezes no mesmo rio porque as águas nunca são as mesmas e nós nunca somos os mesmos”. O existir é um perpétuo mudar, um estar constantemente sendo e não-sendo, um devir perfeito; um constante fluir...

Se gosta seja amigo :) Namasté!

28 de fevereiro de 2008

Escuridão Mundial...pela Luz!

Era interessante divulgar.
Reencaminhem!

Escuridão mundial: No dia 29 de Fevereiro de 2008 das 19:55 às 20:00 horas
propõe-se apagar todas as luzes e se possível todos os aparelhos
eléctricos, para o nosso planeta poder "respirar".
Se a resposta for massiva, a poupança energética pode ser brutal.
Só 5 minutos, para ver o que acontece.
Sim, estaremos 5 minutos às escuras, podemos acender uma vela e simplesmente
ficar a olhar para ela, estaremos a respirar nós e o planeta.
Lembrem-se que a união faz a força e a Internet pode ter muito poder e podemos
mesmo fazer algo em grande.
Passa a notícia, se tiveres amigos a viver noutros países envia-lhes e pede-lhes
que façam a tradução e adaptem as horas.

Meus amigos, é já amanhã! Não doi, não custa dinheiro, e não paga imposto.
É Amor. É uma corrente de Amor imensa pela Nave Azul que nos acolhe e que é por nós tão mal tratada.
Vamos dar-lhe um miminho...ela precisa...
A Terra agradece!!
E os nossos filhos também :)

18 de fevereiro de 2008

A invasão de Media IV



A travessia até á margem escondida foi feita num silêncio repleto do chapinhar de cada braçada, e do assobio das aves nocturnas que agora acordavam.
Cada braçada dos corpos de Mahar e Herim lançava ondas de reflexos avermelhados nas águas do rio, nadavam numa sintonia natural, como se fossem um único corpo.
Mahar sentia-se revigorada pelo exercício. Ao atingirem a terra de erva dourada pelo Sol dos meses de Verão, Herim olhou Mahar notando que a sua face estava agora corada...do esforço?
A água escorria pelos seus corpos nus em finas gotas que se perdiam na terra que pisavam...Mahar tremia. Embora fosse ainda virgem, há muito que sangrara o seu selo. Era uma amazona. Era Sarmata, e todas as mulheres sabiam desde tenra idade que um dia sangrariam a cada 4 Luas, e que o mais certo seria um dia sangrarem o seu selo devido ao cavalgar. Viviam intimamente ligadas á Natureza e aos seus ciclos. Ao contrário dos costumes da maioria das tribos, os Sarmatas tinham orgulho nas suas mulheres e estas usufruíam dos mesmos direitos e obrigações que os homens.
Nas noites dos últimos meses observara atentamente a vida do seu acampamento...nas longas noites que passara ao relento com o seu cavalo e com os mastins com que caçava conseguia vislumbrar os movimentos sensuais recortados em sombra pelas ténues luzes dos archotes moribundos que ardiam em cada tenda familiar...quantas vezes adormecera ao som dos gemidos sussurrados e dos suspiros das mulheres e homens da sua casta?
Mas nada a preparara para aquele momento.
Herim atingiu a margem ao mesmo tempo que Mahar, maravilhado pela sua elasticidade e resistência...tão diferente das mulheres da sua tribo e da cidade onde servira o Rei. Essas era mulheres de curvas generosas e cabelos oleados em penteados complexos...de mãos suaves e braços roliços...nunca sobreviveriam na estepe. As mulheres da sua aldeia eram bonitas, mas submissas e não lhe suscitavam aquela chama...que sentia agora. Mahar devia ser ainda virgem...era tão frágil, pequena, de corpo esguio e peito pequeno mas redondo...arrepiados pela água, os mamilos despontavam pequenos e rijos, acastanhados. Herim sentiu uma pontada no seu sexo...o seu desejo era visível...tal como os seus olhos demonstravam a preocupação que sentia...
Shhh...não tenhas medo. Estou aqui porque quero...quero que sejas tu o meu primeiro homem. Eu não tenho medo...
Herim ficou estático quando Mahar se aproximou perigosamente do seu corpo em combustão e lhe passou as mãos pequenas pelo relevo dos músculos dos braços, numa carícia suave, erguendo a face para o olhar nos olhos com toda a intensidade dos seus olhos negros...
O Sol era agora uma réstia de fogo no horizonte onde uma Lua redonda se desenhava ainda timidamente.
Herim agarrou a face de Mahar com ambas as mãos...apenas conseguia ouvir o som do seu próprio coração que parecia querer sufocá-lo de tão acelerado...os lábios de Mahar entreabriram-se num sorriso de uma doçura que ele sentiu como um feitiço há muito sonhado...

Longe daquela margem, na aldeia de Herim, a festa estava já ao rubro. Em redor da gigantesca fogueira os homens bebiam e discutiam, ao som dos tambores e flautas. As mulheres distribuíam a comida e dançavam, libertando os corpos em movimentos provocantes. Noticias e aventuras de outras aldeias e povos eram contadas com arte pelos mais velhos. Era a festa do auge do Verão. O Sol morria anunciando uma noite que seria lembrada e aqueceria o longo e frio Inverno da pequena aldeia. Os pais de Mahar saiam agora da cabana do chefe da aldeia, a sua missão estava quase concluída a mensagem estava entregue...o resto caberia a Mahar e Herim, caso aceitasse. A ausência dos dois jovens, embora notada, não fora comentada para além de sorrisos trocados em piscadelas de olhos...ninguém notara também o aproximar silencioso dos guerreiros Alanos que seguiam há vários dias em pequenos grupos a pé, a coberto do manto escuro das noites, pela extensão da estepe que separava a aldeia do seu acampamento escondido a Leste.
As ordens haviam sido claras. Deveriam primeiro neutralizar os mastins que acompanhavam os Sarmatas para que nenhum sinal fosse dado. Tinham um pó especial para a água dos cavalos, que os adormeceria...eram demasiado valiosos e os Alanos bom uso lhes dariam. E no auge da festa, a musica seria a das laminas afiadas e a do sangue derramado. Extermínio total.

"Porque é que tem que ser tudo sempre tão dificil?..."

8 de fevereiro de 2008

O medo da morte



Falar da Morte é para muitos algo soturno...mórbido.
Pergunto-me como será que essas pessoas falam da vida? Ou como a vivem? Sem aceitarem a morte haverá Vida? Ou haverá apenas um longo e tortuoso caminho em que se foge do evidente?
Eu não sei, mas tenho curiosidade. Porque para mim a morte sempre esteve presente na minha vida. Como todos os opostos...existem por uma razão superior que nem sempre apreendemos. Mas está ao nosso alcance. E é simples. Se existe é porque tem que existir. Se tem que existir e me transcende...é porque tenho que aceitar.
A morte é a outra face da vida.
Ambas faces da mesma moeda, uma moeda que nos foi dada como um tesouro. É sem dúvida o nosso maior tesouro. Agora pergunto-me eu...como conseguem usar uma moeda, utilizando apenas uma das suas faces? Tocando apenas uma delas? Olhando apenas uma delas?

Imaginem...
fechem os olhos, respirem...
inspirem e expirem até sentirem o vosso coração acalmar num ritmo melodicamente sereno...
Imaginem...
E se?
E se amanhã já não estiverem cá?
E se tiverem que partir subitamente para essa viagem sem regresso marcado?
Amaram o suficiente?
Sorriram muito?
Viveram cada momento como uma dádiva preciosa e única?
Telefonaram àquela pessoa de quem se têm lembrado mas que há muito nada sabem dela?
Abraçaram aquele amigo?
Beijaram o vosso filho?
Alimentaram a paixão que partilham com o outro?
Ou gritaram e enervaram-se porque o puto se atrasou - valeu a pena? o atraso eclipsou-se?
Ou adiaram o telefonema porque fica para amanhã?
Ou não abraçaram porque o local não era adequado?
Ou perderam-se em questõezinhas menores...o tampo da sanita que fica sempre para cima, aquela camisa que não está passada a ferro, o tubo da pasta de dentes que fica aberto, o barulho irritante dos saltos altos logo de manhã...
Ou entraram no café e nem o bom dia disseram?
Sorriram ao Duarte da portagem? Á Dª Maria da limpeza? Ao Manel porteiro? Ou nem os viram?
Repararam naquela pequenita flor amarela que se atreveu a irromper entre as pedras frias da calçada, gritando em todo o seu esplendor "Eu Sou"?
E se amanhã...tu não estiveres cá?
E se amanhã a outra pessoa não estiver cá?
Porque se toma a dádiva da vida física como certa e sempre presente, como se fosse para sempre?
Será porque se vive a vida com medo da morte?
E por causa desse medo, não se aceita a morte.
E por não se aceitar a morte, foge-se dela.
E a melhor fuga é ignorá-la, desprezar a sua existência, a sua certeza, a sua evidência.
Porque tememos o desconhecido...matamos a morte nas nossas vidas.
Então vivemos como se fosse banal estarmos vivos.
Como se amanhã todos estivéssemos vivos fisicamente. Sempre.
Estar vivo é uma dádiva.
Sei que posso partir a qualquer momento.
Sei que quem eu amo pode ter que partir também.
Os meus pais vão partir um dia. Eu não os posso impedir.
De nada me vale ter medo. De nada me vale viver a vida com esse medo. A morte estará lá, sempre. Por muito medo que tenha, ela não desaparece.
Quando comprámos o bilhete para aqui virmos fisicamente, na bilheteira informaram-nos que só havia bilhetes de ida e volta. Lembram-se?
Medo do quê?? De regressar?
Então, este tesouro que me foi dado, esta dádiva que é o presente, a minha vida, tem que ser vivido intensamente como um momento mágico e único que não se repetirá jamais.
E quando eu regressar, não quero levar bagagem. Apenas uma alma realizada. Mais completa. Mais brilhante.
Quero olhar para trás e saber que dei todo o amor que tinha para dar, distribui todos os sorrisos que pairavam nos meus lábios. Os meus braços não estarão pesados com os abraços que não dei, estarão leves como asas.
Os meus olhos brilhantes de criança terão absorvido todas as belezas únicas do dia a dia, as rotinas terão sido desempenhadas com todo o meu carinho e paciência, e o amor pelo meu companheiro terá sido sempre alimentado com paixão, com ardor, com vibração e sintonia...os meus filhos terão sido educados com toda a sabedoria que em mim residia...sei que por onde passei algum impacto causei, sei que fiz a diferença para alguém, sei que a luz que recebi não a guardei, partilhei-a e ao partilhá-la ela cresceu.
É assim que eu quero fazer a minha viagem de regresso a casa. Alegre e leve. Plena e realizada. E vocês? Querem ir assim ou vão carregados com as bagagens que trouxeram quando vieram? Não as usaram???

Respirem fundo. Abram os olhos. Sim...estão cá. Por enquanto...
Estejam cá plenamente...
Vivam a vida. Sem medo da morte.

Bom fim de semana amigos :)