“Não podemos banhar-nos duas vezes no mesmo rio porque as águas nunca são as mesmas e nós nunca somos os mesmos”. O existir é um perpétuo mudar, um estar constantemente sendo e não-sendo, um devir perfeito; um constante fluir...
Se gosta seja amigo :) Namasté!
18 de fevereiro de 2008
A invasão de Media IV
A travessia até á margem escondida foi feita num silêncio repleto do chapinhar de cada braçada, e do assobio das aves nocturnas que agora acordavam.
Cada braçada dos corpos de Mahar e Herim lançava ondas de reflexos avermelhados nas águas do rio, nadavam numa sintonia natural, como se fossem um único corpo.
Mahar sentia-se revigorada pelo exercício. Ao atingirem a terra de erva dourada pelo Sol dos meses de Verão, Herim olhou Mahar notando que a sua face estava agora corada...do esforço?
A água escorria pelos seus corpos nus em finas gotas que se perdiam na terra que pisavam...Mahar tremia. Embora fosse ainda virgem, há muito que sangrara o seu selo. Era uma amazona. Era Sarmata, e todas as mulheres sabiam desde tenra idade que um dia sangrariam a cada 4 Luas, e que o mais certo seria um dia sangrarem o seu selo devido ao cavalgar. Viviam intimamente ligadas á Natureza e aos seus ciclos. Ao contrário dos costumes da maioria das tribos, os Sarmatas tinham orgulho nas suas mulheres e estas usufruíam dos mesmos direitos e obrigações que os homens.
Nas noites dos últimos meses observara atentamente a vida do seu acampamento...nas longas noites que passara ao relento com o seu cavalo e com os mastins com que caçava conseguia vislumbrar os movimentos sensuais recortados em sombra pelas ténues luzes dos archotes moribundos que ardiam em cada tenda familiar...quantas vezes adormecera ao som dos gemidos sussurrados e dos suspiros das mulheres e homens da sua casta?
Mas nada a preparara para aquele momento.
Herim atingiu a margem ao mesmo tempo que Mahar, maravilhado pela sua elasticidade e resistência...tão diferente das mulheres da sua tribo e da cidade onde servira o Rei. Essas era mulheres de curvas generosas e cabelos oleados em penteados complexos...de mãos suaves e braços roliços...nunca sobreviveriam na estepe. As mulheres da sua aldeia eram bonitas, mas submissas e não lhe suscitavam aquela chama...que sentia agora. Mahar devia ser ainda virgem...era tão frágil, pequena, de corpo esguio e peito pequeno mas redondo...arrepiados pela água, os mamilos despontavam pequenos e rijos, acastanhados. Herim sentiu uma pontada no seu sexo...o seu desejo era visível...tal como os seus olhos demonstravam a preocupação que sentia...
Shhh...não tenhas medo. Estou aqui porque quero...quero que sejas tu o meu primeiro homem. Eu não tenho medo...
Herim ficou estático quando Mahar se aproximou perigosamente do seu corpo em combustão e lhe passou as mãos pequenas pelo relevo dos músculos dos braços, numa carícia suave, erguendo a face para o olhar nos olhos com toda a intensidade dos seus olhos negros...
O Sol era agora uma réstia de fogo no horizonte onde uma Lua redonda se desenhava ainda timidamente.
Herim agarrou a face de Mahar com ambas as mãos...apenas conseguia ouvir o som do seu próprio coração que parecia querer sufocá-lo de tão acelerado...os lábios de Mahar entreabriram-se num sorriso de uma doçura que ele sentiu como um feitiço há muito sonhado...
Longe daquela margem, na aldeia de Herim, a festa estava já ao rubro. Em redor da gigantesca fogueira os homens bebiam e discutiam, ao som dos tambores e flautas. As mulheres distribuíam a comida e dançavam, libertando os corpos em movimentos provocantes. Noticias e aventuras de outras aldeias e povos eram contadas com arte pelos mais velhos. Era a festa do auge do Verão. O Sol morria anunciando uma noite que seria lembrada e aqueceria o longo e frio Inverno da pequena aldeia. Os pais de Mahar saiam agora da cabana do chefe da aldeia, a sua missão estava quase concluída a mensagem estava entregue...o resto caberia a Mahar e Herim, caso aceitasse. A ausência dos dois jovens, embora notada, não fora comentada para além de sorrisos trocados em piscadelas de olhos...ninguém notara também o aproximar silencioso dos guerreiros Alanos que seguiam há vários dias em pequenos grupos a pé, a coberto do manto escuro das noites, pela extensão da estepe que separava a aldeia do seu acampamento escondido a Leste.
As ordens haviam sido claras. Deveriam primeiro neutralizar os mastins que acompanhavam os Sarmatas para que nenhum sinal fosse dado. Tinham um pó especial para a água dos cavalos, que os adormeceria...eram demasiado valiosos e os Alanos bom uso lhes dariam. E no auge da festa, a musica seria a das laminas afiadas e a do sangue derramado. Extermínio total.
"Porque é que tem que ser tudo sempre tão dificil?..."
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2 comentários:
Lindíssimo!!!!
Adorei ler-te...
Mesmo!
Bjs
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