“Não podemos banhar-nos duas vezes no mesmo rio porque as águas nunca são as mesmas e nós nunca somos os mesmos”. O existir é um perpétuo mudar, um estar constantemente sendo e não-sendo, um devir perfeito; um constante fluir...

Se gosta seja amigo :) Namasté!

25 de novembro de 2010

Blogagem Colectiva - Minha Ideia é Meu Pincel

Frida Kahlo - Auto Retrato - 25/11 - Blogagem colectiva do Café com Bolo da Glorinha

"Pensaram que eu era surrealista, mas nunca fui. Nunca pintei sonhos, só pintei a minha própria realidade."

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'Espero a partida com alegria... e espero nunca mais voltar... Frida'' (última entrada no seu Diário)

Muito haveria para dizer sobre esta Mulher...tanto que não encontro espaço suficiente nas palavras. Por vezes o silêncio diz mais.
Talvez porque Frida foi a MULHER que me ensinou a olhar a arte para além dela própria. Por não gostar dos seus quadros pelas técnicas, cores ou estilo...mas sim pelas emoções fortíssimas e simbolismo que carregam e transmitem a quem quiser olhar com o coração. Foi assim que conheci Frida...o desconforto que o seu pincel me causou levou-me a descobrir a mulher que o segurava. Levou-me a trilhar um pouco do seu caminho, a entender a sua dor, a partilhar o seu olhar e a reconhecer a sua dualidade.

A ti Frida, o meu silêncio repleto de empatia...

Um excelente artigo/estudo sobre Frida












18 de novembro de 2010

Blogagem Colectiva - Minha Ideia é Meu Pincel



Edgar Degas - Les Danseuses Bleues Blogagem colectiva do Café com Bolo da Glorinha

O azul devia acalmar-me. Gostava de viver no azul suave...ou no azul indígo. Ou em qualquer uma das outras tonalidades de azul. O azul esverdeado do mar...ou o azul turquesa dos olhos de um gato siamês...
Sempre gostei do azul. Tive uma camisola de gola-alta azul petróleo, intenso e forte que adorava...o azul trasporta-me para o mar e para o céu...daí até ao infinito...
Mas hoje, nem o azul, nem as suaves bailarinas em movimento gracioso conseguem acalmar-me a alma e aquecer-me o coração.
Sei que ainda não estou pronta e que me falta ainda um longo caminho para o estar. Ainda me é muito fácil sentir revolta e dor e ser arrastada para os dramas desta realidade que não o é, que eu sei que não o é, e mesmo assim...que vivo tão intensamente. Consola-me o facto de, pelo menos, poder vir a ser considerada como uma grande actriz, uma estrela ao estilo Hollywood e ganhar um Óscar do Universo numa qualquer apresentação estelar e galáctica algures numa reunião das partículas de luz, por tal desempenho aqui neste palco terrestre...
Hoje estou assim. Sinto-me revoltada e impotente, frustrada. Não sou ainda assim tão desapegada para conseguir passar ao lado de determinados actos como simples observadora, ou centrada o suficiente para reconhecer que não devo julgar para não ser julgada...sei lá eu o que já fiz noutras vidas para criticar ou julgar seja o que for...
E mesmo assim...
Sinto saudades da minha espada, não dos meus sapatos de pontas, gostava de ter o meu escudo que não trocaria pelo vestido de tule...e hoje é a luz do fogo da guerreira que arde dentro de mim, não a chama azul etérea do equilíbrio de uma bailarina.
E pergunto-me...quando crescerei o suficiente para deixar de sentir a dor alheia como se fosse minha? Para deixar de ficar cega pelas lágrimas e muda pelo nó na garganta quando vejo, leio ou fico a saber de uma injustiça, de uma atrocidade, de um acto cruel contra a vida?
Porque eu sei que a situação que me levou a ficar assim vai servir para que se levante o véu e exponham práticas que serão condenadas, legisladas, e acredito que abolidas (ver aqui).
O que me doí cá dentro é a questão porquê e como é possível...e para essas nunca encontrarei resposta. Sim, cada um de nós está cá para caminhar o seu trilho e aprender as suas lições, sim eu sei que isto é um filme...
Quantas vezes mais terei que cá vir para aprender? Porque não me parece que o consiga nesta vida...faz-me mal ser assim. E contudo...não sei ser de outra maneira.

Que me desculpe a bailarina azul que há em mim...mas hoje só há espaço para a guerreira vermelha.


Por curiosidade AQUI podem ouvir várias peças (bem pequenas) de radio sobre o tema, onde é gritante a contradição de declarações dos vários envolvidos...

12 de novembro de 2010

1000 Posts COVA DO URSO



PARABÉNS E OBRIGADA ANTÓNIO!!!


11 de novembro de 2010

Blogagem Coletiva - Minha Ideia é Meu Pincel

The Watterfall - Georgia O'Keefe - Blogagem colectiva 11/11/2010 Café com Bolo da Glorinha

Nesta tela vi a Mãe...vi a origem da vida, fértil! Vi a cascata que jorra a água fonte de tudo o que existe...vi mais além, vi um lírio intocado...vi o coração de uma orquídea alva como a neve...vi a vulva pulsante de onde todos nascemos, do aconchego das entranhas quentes e escuras para a luz crua de um Mundo novo que nos cegou ao primeiro instante e depois fascinou, irremediavelmente...e senti...senti mais além...e viajei...viajei mais além... nas suas águas puras e imaculadas até um dos Homens que mais me marcou e que eu nunca conheci, pelo menos aqui...

Esta tela levou-me até Miguel Torga...que eu descobri em menina, que eu conheci, quem sabe, outrora...

Devo à paisagem as poucas alegrias que tive no mundo. Os homens só me deram tristezas. Ou eu nunca os entendi, ou eles nunca me entenderam. Até os mais próximos, os mais amigos, me cravaram na hora própria um espinho envenenado no coração. A terra, com os seus vestidos e as suas pregas, essa foi sempre generosa. É claro que nunca um panorama me interessou como gargarejo. É mesmo um favor que peço ao destino: que me poupe à degradação das habituais paneladas de prosa, a descrever de cor caminhos e florestas. As dobras, e as cores do chão onde firmo os pés, foram sempre no meu espírito coisas sagradas e íntimas como o amor. Falar duma encosta coberta de neve sem ter a alma branca também, retratar uma folha sem tremer como ela, olhar um abismo sem fundura nos olhos, é para mim o mesmo que gostar sem língua, ou cantar sem voz. Vivo a natureza integrado nela. De tal modo, que chego a sentir-me, em certas ocasiões, pedra, orvalho, flor ou nevoeiro. Nenhum outro espectáculo me dá semelhante plenitude e cria no meu espírito um sentido tão acabado do perfeito e do eterno. Bem sei que há gente que encontra o mesmo universo no jogo dum músculo ou na linha dum perfil. Lá está o exemplo de Miguel Angelo a demonstrá-lo. Mas eu, não. Eu declaro aqui a estas fundas e agrestes rugas de Portugal que nunca vi nada mais puro, mais gracioso, mais belo, do que um tufo de relva que fui encontrar um dia no alto das penedias da Calcedónia, no Gerez. Roma, Paris, Florença, Beethoven, Cervantes, Shakespeare... Palavra, que não troco por tudo isso o rasgão mais humilde da tua estamenha, Mãe!

Miguel Torga, in "Diário (1942)"


9 de novembro de 2010

FALCÃO - Animal de Poder

8 de novembro de 2010

Selo DARDOS




Obrigada António!

"O Prémio Dardos é o reconhecimento dos ideais que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc... que em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, e suas palavras."

As regras são estas:
- Exibir a imagem do selo no blog
- Exibir o link do blog que você recebeu a indicação
- Escolher 10, 15 ou 30 blogs para dar a indicação e avisá-los.

Aqui ficam os meus "nomeados"...são todos os blogs que constam no meu blogroll e que eu sigo! (no dia em que eu seguir as regras á risca...alguma coisa muito estranha terá acontecido!)Por todas as razões possíveis e imagináveis! Vocês todos fazem da internet uma verdadeira rede de energia positiva e vibrante!

Destaco:

DESPERTAR

A dinamica do invisivel

BANDARRAVET

Café com Bolo

Casa Claridade

Isa Grou

Locais Sagrados

O Portal Mágico

Luz da Alma









4 de novembro de 2010

Blogagem Coletiva - Minha Ideia é Meu Pincel

The Rose Garden - Paul Klee (Blogagem colectiva do Café com Bolo da Glorinha)

Quem chegasse agora aqui, onde eu estou, pensaria que era Primavera...o céu de um azul intenso, sem nuvens, as borboletas que namoriscavam aqui e ali, as flores viçosas...bandos de melros saltitando em busca de alimento...estava no topo do mundo...
Mas não. Não é Primavera. Estamos em Novembro. E Novembro, aqui, deste lado do Mundo, é Outono.
O topo do mundo fica nas traseiras da minha casa. Há muito que resolvi chamar assim a este semi-jardim, cheio de vida, onde lagartixas, libelinhas, caracóis, melros, formigas, pardais...e todos os outros minúsculos seres da criação diariamente atravessam o meu caminho ora dizendo - "cuidado não me pises!" - ora atirando um "olá" envergonhado ou um "és grande tu!" apressado.
É onde a minha cadela pode ainda correr solta e livre de estigmas, carimbos, leis sem nexo discriminatórias...
Topo do mundo porque daqui eu vejo até lá bem longe, á linha do horizonte...um pedacinho de mar entre os prédios do lado esquerdo, a serra de Sintra e o Castelo dos Mouros numa vasta imensidão sem distância, quando o paredão de nuvens descansa do outro lado do mundo que a minha visão alcança...
Do lado direito, o topo das árvores do cemitério, protegido por um alto muro. Não me incomoda e a vida ensinou-me a ter mais cuidado com os que caminham aqui do que com os que caminham do outro lado, esses normalmente até me dão uma ajudazita.
Topo do Mundo porque daqui vejo a cidade toda, as encruzilhadas dos caminhos, ruas, ruelas, o verde que brota por entre o cinzento das estradas, e do colorido dos prédios. Este verde está sempre presente. E o rosa e o cinzento dos prédios. Uma mescla que em dias como este vibra em milhares de tons derivados.
Topo do mundo porque aqui moram 3 familias de formigas, em formigueiros gigantes...facilmente diríamos que são pequenos aos nossos olhos...mas...os prédios também me parecem pequenos daqui onde estou, e contudo, eles são gigantes...e assim é também com estes formigueiros. Gigantes e bem construídos...facilmente passeio pelas suas ruas e ruelas escuras...não. Escuras aos nossos olhos humanos...pois aos olhos de uma formiga, e aos seus outros sentidos, estas ruas e ruelas pulsam de luz e vida em cada esquina. É maravilhoso entender a organização e gestão que lavram debaixo dos nossos pés. Elas atarefam-se aproveitando o dia bonito para armazenarem o sustento durante o Inverno, e repararem paredes e caminhos, fortificando-os para que nem a chuva nem o frio lhes chegue.
O topo do mundo é assim. Ao seu redor, e no seu interior...a vida tece caminhos, encruzilhadas, pontes entre mundos visíveis e invisíveis, mundos repletos de cores, de luz, de sombras, de encontros e desencontros...quantas historias por contar...quantas cores por pintar...