"Todas as Portas têm uma fechadura. Todas as fechaduras podem ser abertas com uma chave. A chave pode ser única, e abrir só aquela porta...mas também pode ser Mestra e abrir todas as as Portas...
Que chave trazes tu criança?"
Eridanis ergueu os olhos para o Universo sem fim e respondeu sem medo:
"A minha Chave é a mais antiga, forjada em ferro e fogo no centro da Terra, desgastada pelo Mar de Atlantis e envelhecida pelo Ar e pelo vácuo de outras Eras. Ela é a que abre todas as Portas de todos os Mundos."
"Aproxima-te então criança e experimenta a tua Chave."
Eridanis aproximou-se solenemente do imenso Portão. Qualquer um ficaria subjugado pelo seu tamanho e pelo medo de não serem capazes de passar adiante.
Não havia caminho de volta. Apenas o imenso infinito.
Na madeira de uma robustez inanárravel nem uma abertura, nenhuma fechadura.
Mas Eridanis sabia que a fechadura não precisava de estar no Portão, e sabia que a Chave também não precisava de estar na sua mão. Eridanis sabia muitas coisas que poucos mais sabiam, simplesmente porque não se lembravam.
Recordava-se de muita coisa, embora fosse apenas uma criança e como todas as crianças, por vezes ficasse baralhada e confundida com tanta informação. Mas as crianças não se deixam enredar pela imaginação dos adultos, nem se deixam lubridiar pelas suas projecções mentais de uma realidade forjada á medida de necessidades erradas.
As crianças são o que são. E não perdem tempo com grandes teorias sobre esse e outros temas.
Eridanis fechou os olhos e pôde ver a Chave de ferro, enegrecida aqui e ali pela sua antiguidade sagrada.
Tomou-lhe o peso imenso que se tornava leve a cada batida do coração.
Sentiu a aspereza do seu ferro na suavidade dos seus dedos.
Inspirou fundo e sorriu.
Olhou o Universo nos olhos.
A sua voz soou límpida e firme:
"Eu Sou."
"Eu Creio."
"Eu Amo."
E o Portão desvaneceu-se em milhares de estrelas de mil cores. O Arco iris celeste estendeu-se diante de Eridanis, como uma ponte entre mundos.
E Eridanis deu o primeiro passo rumo ao Infinito...
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