“Não podemos banhar-nos duas vezes no mesmo rio porque as águas nunca são as mesmas e nós nunca somos os mesmos”. O existir é um perpétuo mudar, um estar constantemente sendo e não-sendo, um devir perfeito; um constante fluir...

Se gosta seja amigo :) Namasté!

18 de julho de 2008

O Medo e a Guerreira


O medo bloqueou minha estrada
limitou meu espaço, acorrentou minha alma,
travou meu passo.
O medo cercou minha trilha
enforcou-me num laço
calou minhas palavras,
me tornou seu escravo.
O medo matou dentro de mim
uma semente chamada liberdade
aquela que brota com o vento
e semeia a felicidade.
O medo confinou meu ser,
nas entranhas do destino,
num emaranhado como de um arame farpado,
arruinado e desprovido.
O medo me condenou, me baptizou
com minhas lágrimas, selou minha boca
cegou minha verdade, esfacelou meu sonho
e amordaçou minha vaidade.
O medo amputou minha força
Esquartejou minha coragem
Esfaqueou meu peito...Tornou-me um covarde.
O medo escureceu meu brilho
Apagou minhas estrelas
Secou meu riacho
Murchou minha flor
Tornou-me seu capacho.
O medo quebrou o cristal polido,
estilhaçou em mil pedaços minha facede vidro,
não sou mais eu, agora sou apenas...cacos perdidos.

(Leni Martins)

Encontrei este texto sobre o medo, que define exactamente aquilo que o Medo fez na minha vida.... a maioria das vezes absolutamente encoberto, escondido, camuflado.
Um medo incapacitante, como uma sombra lasciva, pegajosa, intoxicante...
É muito complicado chegarmos á conclusão que atitudes e decisões que tomámos no passado e que foram tidas - pelos outros e por nós mesmos - como coragem ou força, não passaram na verdade de covardia e fraqueza.
É duro apercebermo-nos que as verdadeiras atitudes de coragem só foram tomadas quando nada mais restava a não ser saltar para o abismo ou enfrentar tudo e mudar. Entre a espada e a parede...E é terrivelmente doloroso entender que para crescer não teria sido necessário nada disso, bastava não ter cedido ao medo, não lhe ter dado esse poder e ter sido apenas autentica. Ter sido sempre Eu mesma. Independentemente das opiniões dos outros. Independentemente da busca de aceitação. Independentemente da minha insegurança. As lições estavam lá, as provas também...mas eu não precisava de dificultar o caminho para as ultrapassar.

Obrigada Medo.
Pela visita ontem á noite.
Vieste bem armado e tão forte como sempre.
Assumo que não eras esperado...
Mais, considerava-te já um caso do passado...
Mal resolvido, disseste.
Temos toda a noite...
A Lua está cheia
A fogueira é quente.
Resolvido amanheceste.


Tiveste as tuas chances, aproveitaste todas as migalhas de fragilidade do meu Ser ao longos destes 35 (!!!) anos. O teu tempo acabou.
Hoje eu recuso ser tua escrava. Hoje e para sempre eu declaro-me Livre.
Os meus "cacos partidos" foram recolhidos e fundidos para dar origem a um novo Eu...uma criança...a minha criança interior...um bébé ainda.
Que tenha as forças do céu,
A luz do Sol,
O esplendor do Fogo,
O resplendor das chamas,
A velocidade do Vento,
A rapidez do Raio,
A firmeza da Rocha,
A estabilidade da Terra,
A profundidade do Mar.
E que Amanheça todos os dias, autentica,
pela força secreta e Divina que a guia...

A ti Medo, que eu aprendi a tratar por "tu", que desisti de combater ou de fugir, que te convidei para partilhares a minha fogueira... resta assumires a derrota, venceste todas as batalhas da minha vida mas vai ser a Guerreira a vencer esta Guerra !

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