“Não podemos banhar-nos duas vezes no mesmo rio porque as águas nunca são as mesmas e nós nunca somos os mesmos”. O existir é um perpétuo mudar, um estar constantemente sendo e não-sendo, um devir perfeito; um constante fluir...

Se gosta seja amigo :) Namasté!

29 de outubro de 2007

Sobre o SAMHAIN


O Samhain marca o fim do Verão dos dias longos e quentes. O tempo da última colheita. Marca a chegada do Inverno frio e escuro, dos dias chuvosos e curtos. O Samhain era o fim e o ínicio do ano para os Celtas. Ocorrendo tradicionalmente de 31 de Outubro para 1 de Novembro, já depois do equinócio de Outono, o Samhain era uma das 4 celebrações mais importantes, sendo a par do Beltane a que tem maior destaque. Talvez seja por isso que o Sahmhain do antigo povo celta nos tenha chegado sob diversas formas, tradições e lendas.

O Inverno esteve sempre associado á morte. Mas os Celtas sabiam que existe um mundo para além deste, um mundo do sobrenatural, do fantástico, onde os mortos vivem até renascerem, um Mundo de Deuses. Esta é a noite em que a fronteira que existe entre os dois mundos fica mais ténue, permitindo que os seres do Outro Mundo vagueiem mais facilamente no nosso, e vice versa. Nesta noite os dois mundos tocam-se.


Não é então de estranhar a instauração do dia 1 de Novembro como o dia de Todos os Santos, decretada pelo papa Bonifácio IV em homenagem a todos os santos e mártires (todos: os que morreram e os que ainda vivem). Nesse dia as pessoas rumam aos cemitéiros para visitarem os seus entes falecidos - na realidade, o dia 2 de Novembro é o dia dos Fiéis Defuntos, mas como o dia 1 é feriado, a maior parte aproveita esse dia para prestar a homenagem aos mortos. É clara a intenção da Igreja em transformar a celebração pagã que até aí tinha perdurado, numa comemoração cristã autorizada, mas da mesma natureza. É interessante, o modo como a Igreja foi, ao longo dos tempos, absorvendo várias culturas e religiões, numa fusão feita através da cristinização de rituais, simbolos, tradições...uma forma de lançar para o esquecimento as antigas tradições enraízando-as no seio da Igreja. Não resultou. o Samhain ainda hoje é celebrado por este Mundo fora como tradição pagã que é.

Hoje o Samhain é comercialmente conhecido como halloween. E como tal é explorado e vivido, mesmo em países que não têm qualquer remeniscência desta antiga tradição. Contudo, mesmo quando celebrado sem consciência plena do seu significado, esta é uma noite mágica.


O Samhain é por tudo isto considerado o Ano Novo das Bruxas. Dia em que se abrem os portais que nos separam do mundo dos mortos. Temos assim a chance de vivenciar outras dimensões e falar com nossos antepassados. É o sabbath que nos traz os ventos gelados do Norte, indicando-nos o caminho da introspeção criativa.
É uma festa que venera o Senhor Ariano da Morte, Samana (os irlandeses a chamam de a Vigília de Saman). Mas desenvolveu-se numa celebração mais do mundo espiritual em geral do que de qualquer Deus específico, assim como da cooperação em curso entre esse mundo e o nosso, de matéria mais densa. As Bruxas ainda deixam "bolos de alma" para os ancestrais mortos, um costume que se transformou na oferta de refeições ao sem-lar e aos viajantes que se perdem nessa noite. Nos tempos antigos, acreditava-se que se as oferendas e sacrifícios corretos não fossem feitos, os espíritos dos mortos se aproveitariam da abertura do portal entre os mundos para vir causar danos ou maldades aos vivos. A noite ainda retém esse ar ameaçador, mas a maioria das Bruxas não a vê tanto como uma ameaça de ancestrais infelizes do que como a chegada das potências de destruição: fome, frio, tempestades de inverno. Na Roda do Ano, Samhain marca o início da estação da morte, o inverno. A Deusa da Agricultura cede o seu poder à Terra ao Deus Cornífero da Caça. Os férteis campos do verão cedem lugar às florestas nuas.

Para celebrar esse anoitecer mágico acendiam-se fogueiras nos sidh, ou colinas encantadas, nas quais os espíritos residiam. Aí moravam os espíritos dos ancestrais e deuses vencidos dos períodos mais remotos da história e da mitologia. Pessoas que não participavam nesses ritos, mas temiam, não obstante, a presença de espíritos hostis na terra dos vivos, tentariam rechaçá-los assustando-os com máscaras grotescas talhadas em abóboras e iluminadas por dentro com velas.
Alguns desses aterradores espantalhos parecem ser máscaras mortuárias, mas entre os celtas antigos, a caveira não era uma imagem assustadora mas um venerado objeto de poder. De fato, em certas eras havia um culto muito difundido de caveiras entre as tribos célticas, e vastas coleções de crânios foram desenterradas em escavações arqueológicas. As modernas caveiras e esqueletos das Bruxas não são assustadores mas sim um lembrete de nossa imortalidade (assim como de nossa mortalidade) porque os ossos são o que dura por mais tempo após a morte, sugerindo que a existência não termina de uma vez para sempre quando o espírito deixa o corpo. Em culturas xamânicas, uma clássica experiência de iniciação para o novo xamã era "ver" o seu esqueleto, durante um estado de transe visionário, e até assistir ao seu próprio desmembramento por espíritos amigos e ser refeito de novo - uma outra experiência de renascimento e nova vida que as Bruxas celebram nessa mais sagradas das noites.


Samhain é uma noite de morte e ressurreição. A tradição celta diz que todos os que morrem a cada ano devem esperar até ao Samhain antes de atravessar para o mundo do espírito, ou o País do Verão, onde começarão novas vidas. Nesse momento de travessia, podem aparecer os gnomos e fadas, os espíritos de ancestrais que ainda têm tarefas por concluir neste mundo. Alguns ajudarão os mortos recentes a deixar o nosso mundo e ingressar no próximo; outros poderão vir apenas para brincar. Toda vida e morte humana é parte do grande intercâmbio entre os mundos da natureza e do espírito.
Hoje, várias tradições são ainda praticadas, principalemnte em países com fortes heranças celtas...Por exemplo, muitas pessoas tentam pescar maçãs num vasto caldeirão ou barril, apanhando-as com os dentes; a maçã simboliza a alma e o caldeirão representa o grande ventre da vida.
A noite é também um tempo para adivinhação quando o futuro pode ser mais facilmente visto por aqueles que sabem perscrutar os dias por vir. A nova vida do ano vindouro é mais evidente nessa noite especial. Em Salem, não só adivinham o futuro mas o projetam ao vestirem trajes que refletem o que gostariam que viesse a ser ou vivenciassem no novo ano. Também vestem muito laranja para simbolizar as folhas mortas e os fogos agonizantes do verão, assim como o negro tradicional para captar e encher nossos corpos com luz nessa época do ano em que os dias ficam mais curtos e existe fisicamente menos luz e calor.
E tudo isto começou 5 séculos antes de Cristo, num lugar onde hoje é a Grã-Bretanha e o norte da França. Naquele tempo, os celtas viviam de acordo com suas multiplas crenças profundamente ligada á Terra...

A todos...


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